A França acorda para a crise europeia financeira com 3 milhões de desempregados.
A taxa de desemprego atinge 10,3 por cento, um novo máximo desde 1999.
A taxa de desemprego atinge 10,3 por cento, um novo máximo desde 1999.
A segunda economia da União Europeia acaba de franquear a barreira simbólica, já classificada de “verdade inconveniente”.
Os economistas não escondem o pessimismo. É o caso de Mathieu Plane, economista no Observatório Económico Francês:
“Infelizmente não atingimos o pico da crise, pelo menos do ponto de
vista social. Vamos continuar a assistir ao aumento do desemprego.
Quando examinamos os números, percebemos que há um grande aumento do
desemprego de longa duração. As pessoas ficam mais tempo sem trabalho…há
um envelhecimento da procura, com uma deriva para a precariedade e para
a pobreza.”
Palavras que assustam num país que sempre deu prioridade ao
bem-estar social. Mas os sinais são visíveis: os bastiões da indústria
francesa atravessam dificuldades sem precedentes.
O principal problema é a falta de competitividade, que gera e
perpetua o desemprego. A desindustrialização avança a toda a velocidade.
Nos últimos quatro anos, um milhão de franceses ficaram sem emprego ou
passaram a desempregadas de longa duração.
Os expedientes de regulação do emprego multiplicam-se. Na realidade,
os três milhões de desempregados podem ser 4,45 milhões, devido aos que
exerceram atividades reduzidas e pontuais.
Para os desempregados, a tragédia não se limita à perda do emprego e
de poder aquisitivo. O estigma social está na origem de muitas
situações ambíguas:
“Eu, por exemplo, faço batota, porque afirmo que exerci a última profissão e não me assumo desempregado. Sinto vergonha por estar no
desemprego”.
A pergunta omnipresente é que tipo de medidas o governo de Hollande
vai acionar para cumprir a promessa de aumento de postos de trabalho.
A França não acompanhou a evolução alemã em termos de reformas sociais, principalmente nesta última década.
Mas há terreno para desbravar, nesse sentido, nomeadamente no setor
da indústria de luxo, de turismo e de bens não deslocalizáveis.
Entre as ideias defendidas até agora, o governo francês pondera
aumentar as ajudas ao emprego e criar de dispositivos que dificultem as
demissões nas empresas que tenham lucro.