Há uns bons anos durante o meu tempo na Universidade, nas
boas conversas que se tinha nos corredores (onde se mais aprendia), estava eu
com digníssimo Professor, um daqueles que parece que é mais velho que o próprio
tempo, este professor também respeitável maçon do GOL, num dos nossos debates
mais uma vez me calou com um argumento, desta feita foi “a História não se
repete mas o poder alterna entre os vencedores e os vencidos”.
Nunca mais me esqueci desta frase. Recentemente o filósofo Bernard-Henri
Lévy, numa rara aparição e entrevista no nosso canal 2, disse que o fascismo
não desapareceu e que estava de volta desta vez na forma do fundamentalismo islâmico.
Os Regimes e os partidos que saíram vencedores da II Guerra
Mundial começam agora a mostrar sinais de nervosismo face ao crescimento dos
nacionalismos europeus, as próximas eleições europeias vão ser um bom teste a
esta nova realidade.
Nós por cá não temos um Nacionalismo que permita incomodar
os donos do Regime, apesar de nas últimas autárquicas o PNR ter triplicado o
seu número de votos, 3 mil votos não é o suficiente par incomodar ninguém, o
apego ao Salazarismo, em meu entender fará com que o PNR, tal como os
nacionalistas dos anos 30 do século passado, passem mais uma vez ao lado da
História. O Salazarismo não era uma ideologia era um projeto pessoal, mais protecionista
e imperialista do que nacionalista, a transposição da doutrina social da Igreja
para o Código Civil é quanto baste para demonstrar a sua sujeição a um Estado
estrangeiro, neste caso a Santa Sé.
Do outro lado temos um Partido Comunista estruturado e
consistente, enquanto por toda a Europa os diferentes PC’s esboroavam depois da
queda da União Soviética por cá o nosso PC sobreviveu. Sobreviveu e a partir de
certo momento começou a crescer. Nas últimas autárquicas, nas Juntas de
Freguesia, ficou na terceira posição, a cerca de 200 mil votos do segundo
classificado, o PSD.
Os donos do Regime estão confiantes que o PCP não passe a
barreira dos 12%, pode ser que se enganem. Em 2005 o PCP teve 432 mil votos, em
2009 teve 558 mil votos e em 2011 caiu outra vez para os 441 mil. Nas autárquicas
os resultados são melhores e mais estáveis mantendo-se nos cerca de 600 mil
votantes.
O PSD, partido que disputa o mesmo eleitorado do PCP,
entendeu seguir uma deriva anarco-capitalista, afastando assim de cima a baixo
o melhor que o PSD tinha, a dolorosa subserviência de Passos Coelho aos
interesses do capital estrangeiro foi de mais até para os mais moderados
liberais do PSD, que aos poucos se afastaram também.
No PS, o pai fundador anda a promover um diálogo à boa moda
da Revolução Russa, versão Menchevique. Também no PS há sinais de preocupação
de que o partido tenha uma deriva anarco-capitalista. Basta ver as mensagens de
Natal de Passos Coelho e de António Seguro, parecíamos estar a ver uma versão
caricatural de Dupont & Dupont.
Uma nota de rodapé para o CDS, a decisão irrevogável de
Paulo Portas em querer ser Vice-Primeiro-Ministro, título meramente honorífico,
vai-lhe custar muito caro.
Assim chegaremos às próximas legislativas, com Dupont &
Dupont e o Milu, à espera de um osso, de um lado, e do outro o Jerónimo, um
homem que veio do meio operário e o assume com orgulho, sem nunca ter tido a
preocupação de dar um jeito de conseguir uma licenciatura manhosa.
Façam as vossas contas e análises, eu por mim digo se o PCP
chegar aos 20% os Donos do Regime borram-se todos.